quarta-feira, 27 de abril de 2016

A ex nota de um real


Você descobre que está, realmente, no fundo do poço, quando, abre a gaveta aonde guarda as coisas que separou para usar em caso de emergência e, além do canivete, dos palitos de fósforo, do passe de metrô, você encontra somente aquela nota de R$ 1,00, novinha, que você guardou sem dobrar.
Poe ela na carteira, vai até a padaria e a balconista te avisa que aquela nota não vale mais nada e você tem que voltar sem o pão, para casa.

domingo, 10 de abril de 2016

O menino que roubava e-livros




Já comecei clonando o título de um excelente livro, lido a poucos anos.
"A menina que roubava livros" de Markus Zusak.
Nunca tive muito dinheiro, é verdade que também, nunca precisei de muito dinheiro.
Uma ou outra dificuldade, momentânea, mas, nada que não pudesse ser solucionado com o tempo.
Mesmo assim, sempre que sobrava um troquinho, corria comprar livros.
Comecei cedo, ainda criança, comprando e ganhando gibis.
Minha pilha de gibis era enorme e sabia em qual edição estava cada história lida.
Com o tempo, comecei a ler "gibis" sem desenho, onde eu mesmo podia criar as imagens na cabeça.
Frequentava avidamente a biblioteca publica de Araraquara.
Lembro de fatos curiosos, como de ter esgotado todos os títulos disponíveis lá, do escritor Sir Arthur Conan Doyle ou ainda, de meu pai ter que ir junto assinar um termo de responsabilidade para a bibliotecária me entregar um exemplar de "Primo Basílio" de Eça de Queiroz.
Cheguei a montar uma interessante biblioteca, com livros dos mais variados.
Uns comprados, outros ganhos outros, apropriados, tal qual fazia a menina que roubava livros.
Olhava em algum canto da casa um livro abandonado. Capas velhas, poeira por cima. Lá ia eu folhear e ler enquanto mais pais estavam na casa da pessoa dona do livro.
Na saída, vinha com o livro para casa.
Creio que devolvi todos que peguei para ler em pedir. Fiquei só com os que me foram dados.
A fase de criança é a melhor para começar a montar uma biblioteca. O que viria em prioridade? Doces? Sorvetes? Figurinhas?
Brinquedos eram baratos... Bolinhas de gude, piões de madeira, bolas de meias velhas.
Fácil sobrar dinheiro para livros.
Quando cresci, ops, me tornei adulto, a coisa mudou.
Tendo que escolher entre compromissos de um homem de família e a compra de livros, dificilmente sobrava para a segunda opção.
Então descobri os livros digitais ou como dizem os mais chics, "e-books".
Primeiro copias datilografadas por alga alma boa que se dispunha a ficar horas e horas traduzindo ou apenas copiando os textos dos livros, que eram então colocadas compartilhadas na internet, em formato ".doc" e lidos no computador de mesa com seus monitores de tubo.
O tempo foi passando e novos formatos surgiram, pude carregar arquivos para leitura em palmtops, depois em celulares que ainda não eram os smartphones.
Não gosto de ir contra as leis, contra as regras, mas, confesso que no caso dos livros tive que ceder.
Sei que alguns arquivos que encontrei por ai não eram cópias autorizadas dos livros originais.
Outros por outro lado, já foram autorizados e agora não o são mais.
Caso mais curioso nesse sentido são os livros do Paulo Coelho. Um dia para fazer graça ele disponibilizou todos os títulos, gratuitamente, no seu site.
Óbvio que baixei todos. Os lidos anteriormente em papel e os que ainda não tinha lido.
Hoje pelo que sei ele é um "caçador" de piratas de livros. Tem saído processando qualquer um que disponibiliza suas obras na internet, sem sua autorização.
Tento encontrar os e-books em promoções, sejam de preços acessíveis ou promoções de livros grátis. É comum encontrar nas livrarias algum tipo de promoção de livros grátis.
Fora os livros de domínio público que estão disponíveis em bibliotecas virtuais. Algumas públicas e outras particulares.
Nem tudo é pirataria!
Como era raro o acesso aos livros e poucos em português estavam disponíveis, eu baixava primeiro (com cuidado contra vírus) e depois analisava se o arquivo era legível.
O boom das distribuições de livros ocorreu quando começaram a convertê-los para o formato ".pdf".
Por mais horrível que seja ler um arquivo ".pdf" em um celular (antigo) de tela de 3", acredite! Eu fiz muito disso.
Hoje já reduzi bastante meu acervo.
Exclui os que sei que não vou ler. As séries de livros para adolescentes, com suas histórias de lobos, vampiros etc..
Já os livros que mantenho, aos poucos vou substituindo as conversões antigas (que perdiam a diagramação e por vezes, traziam misturados ao texto os números, de páginas, títulos, comentários e etc, por versões novas e limpas.
O formato do momento é o "epub".
Existem outros formatos de arquivo, mas este é o mais popular e acessível.
Assim vou seguindo a vida, como um e-criminoso, surrupiando um e-book aqui, um e-book, ali, alimentando essa eterna necessidade de conhecimento.